FERNANDO PESSOA E SEU SIMBOLOGISMO ASTROLÓGICO

OS SIGNOS ASTROLÓGICOS, por Fernando Pessoa

O Simbolismo Astrológico segundo seu livro Mar Portuguêz

universso

Em 1934, Fernando Pessoa publicou o único livro de sua carreira, Mensagem, para enviar a um concurso de poesias sobre Portugal. O livro é totalmente simbólico e em sua própria introdução Pessoa pede que o interpretemos como símbolo. É fato público e notório que Fernando Pessoa era astrólogo. Seus escritos astrológicos mais antigos são de 1908, quando o poeta tinha 20 anos. Por toda sua vida ele se utilizou da Astrologia, chegando inclusive a fazer as cartas astrológicas de seus heterônimos e a escrever um tratado sobre o assunto, em 1916, sob o heterônimo de Raphael Baldaya.

Além disso, Pessoa foi templário, maçon, teosofista e outros. Em sua biblioteca, além dos grandes filósofos encontramos obras de Blavatsky, Leadbeater, Krishnamurti, Mabel Collins, Alan Leo, Manly Palmer Hall e Rudolf Steiner. Pessoa inclusive traduziu ‘A Voz do Silêncio” e “Luz no Caminho”. Tudo isso leva a crer que conhecia e trabalhava com astrologia transpessoal. A segunda parte de Mensagem, chamada Mar Portuguêz, é composta de doze poemas que têm uma notável relação com os 12 signos.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa
ÁRIES

I. O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Áries é o primeiro signo do zodíaco, e Pessoa o relaciona neste poema com o Infante, o jovem. Também é o signo do impulso criador, o impulso para geração das coisas.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” A partir da vontade de Deus, sem a qual nada aconteceria, do Primeiro Raio, que é o raio de Áries, a iniciativa é colocada na cabeça do homem, e através do uso dessa condição mental chegamos à concretização. O lema transpessoal de Áries é: “Eu surjo, e do plano da mente, governo”. É o próprio uso do sonho do homem.

Áries é o impulso que fecunda, seu regente Marte também rege o esperma, o princípio masculino, ativo, da existência. “Sagrou-te e foste desvendando a espuma” .

E assim surgiu a terra, o próprio ser, a alma, em “Mensagem” simbolizada por Portugal. E como todo signo cardinal, Áries tem a iniciativa, mas falta a persistência e experiência para que o propósito da Alma se cumpra: “Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
Mar Portuguêz – Fernando Pessoa
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TOURO

II. HORIZONTE

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,

Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
‘Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa–
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta

Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

Touro é um signo de Terra, o signo do plantio, da realidade material, da busca do concreto. “E no desembarcar, há aves, flores, / Onde era só, de longe a abstracta linha”. Também é um signo de Quarto Raio, o raio da busca da harmonia através dos pares de opostos. De um lado o mar, de outro a terra.

A partir da fecundação em Áries, a Alma parte para o concreto, para a busca da realização.

Touro também está ligado à abertura de uma visão superior das coisas, seu lema transpessoal é “Eu vejo, e quando o olho está aberto, tudo é luz.” “O sonho é ver formas invisíveis” mostra a Alma buscando essa visão superior das coisas, com “Movimentos da esprança e da vontade”. Touro é regido na astrologia comum por Vênus, neste caso simbolizando a esperança, a busca pelo conforto da terra e, na astrologia transpessoal por Vulcano, planeta de Primeiro Raio, o raio da vontade.

E o poeta termina ainda com essa busca da visão superior do Touro: “Os beijos merecidos da Verdade”.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

GÊMEOS

III. PADRÃO

O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.

Gêmeos é o signo onde a Alma aprende a explorar, a se relacionar. E esse relacionamento vai desde o mais profano até o mais sagrado. É o signo onde a personalidade aprende que tem Alma, que existe um componente sagrado em sua vida. “O esforço é grande e o homem é pequeno”. A personalidade percebe isso e isso a faz ir em frente.

O lema transpessoal de Gêmeos é: Eu reconheço meu outro Ego, e no declínio daquele ego eu cresço e brilho. “Eu, Diogo Cão, navegador, deixei / Este padrão ao pé do areal moreno / E para deante naveguei”. Ou “A alma é divina e a obra é imperfeita”.

Ainda mostra esse relacionamento do mais profano com o mais sagrado em todos os versos.

Gêmeos tem que viver diferentes experiências, não é ainda um signo do contato total com a Alma, é um signo da busca deste contato. E Pessoa termina com “O porto sempre por achar”.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

CÂNCER

IV. O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,

E disse: “Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo:

“El-Rei D. João Segundo!”
“De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.
“Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?”

E o homem do leme tremeu, e disse:
“El-Rei D. João Segundo!”
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”

O signo de Câncer é o fim de um processo triplo, de formação do ser: em Áries é conquistada a mente, em Touro a emoção e em Gêmeos o corpo etérico, nossas emanações eletromagnéticas. E o ser está formado, e vai passar agora a enfrentar seus medos, e o difícil processo de se tornar um indivíduo.

A grande dica de que este poema se refere a Câncer se encontra no primeiro verso: “O mostrengo que está no fim do mar”. Podemos fazer uma analogia de “fim do mar” com “fundo do céu”, o lugar natural de câncer no zodíaco.

É em câncer que vamos enfrentar nossos medos ancestrais, que vamos finalmente iluminar os lugares escuros da mente. Por duas vezes a personalidade responde quem é sem o saber ao certo, e da terceira vez se identifica com o clã do qual faz parte: “Aqui ao leme sou mais do que eu: / Sou um povo que quere o mar que é teu;” .

E finalmente percebe que além de ser de um clã é um ser autônomo, que tem seu próprio poder:

“E mais que o mostrengo , que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”

O lema transpessoal de Câncer é “Eu construo uma casa iluminada e nela habito.” É enfrentar os próprios medos e descobrir que se é responsável pela própria luz.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

LEÃO

V. EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS

Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.

Leão é o signo da individuação, e da primeira visão com uma real identificação com o outro. A personalidade já sabe que é única, e que com suas características únicas pode ajudar. Já sabe que faz parte da humanidade, que compete a ela carregar sua parte do mundo. Seu lema transpessoal é “Eu sou aquele e aquele sou eu”.

Este poema, o menos de Mar Portuguêz, mostra claramente esta individualização e o fim do egoísmo: “Jaz aqui, na pequena praia extrema, O Capitão do Fim”.

Mostra a mudança de fase na consciência individual em “Dobrado o Assombro, O mar é o mesmo: já ninguém o tema!”.

E finalmente, mostra que está pronto para o serviço: “Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.”.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

VIRGEM

VI. OS COLOMBOS

Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,

Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca

O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.

Virgem é o signo do aprendizado da humildade, do reconhecimento do amor dentro do coração de cada um. Depois de Leão, a personalidade exercita o servir ao outro.

Neste sentido, todo do poema, onde Pessoa leva a crer que a descoberta da América pelos espanhóis foi conseguida com a luz emprestada dos portugueses (o que é verdade, já que foi Portugal que desenvolveu a tecnologia adequada e Colombo tinha as informações de Bartolomeu Dias), é colocada de forma humilde e sem maiores pretensões. E esta é a lição de Virgem.

Seu lema transpessoal é: “Eu sou a Mãe e o Filho. Eu, Deus, Eu matéria sou.”, simbolizando o Divino que existe em cada criatura de Deus.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

LIBRA

VII. OCIDENTE

Com duas mãos –o Acto e o Destino–
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o fecho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.

Libra é o signo dos pares de opostos, do equilíbrio de forças. Seu lema transpessoal é : “Eu escolho o caminho que conduz entre as duas grandes linhas de força.”.

O simbolismo libriano neste poema começa pelo título, pois a posição relativa de Libra no zodíaco é oeste, o ocidente.

Depois temos em todo o poema a dualidade, o positivo e o negativo, o ativo e o passivo, yin e yang, divino e profano: “Com duas mãos – o Ato e o Destino – / Foi a Alma a Ciência e corpo a Ousadia”

Os versos acima também se referem à ousadia e à tecnologia de Urano, que rege Libra a nível transpessoal, e à Vênus Urânia, regente comum do signo.

E termina, reconhecendo que qualquer feito precisa de personalidade e Alma para ser executado: “Foi Deus a alma e o corpo Portugal / Da mão que o conduziu.”

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

ESCORPIÃO

VIII. FERNÃO DE MAGALHÃES

No vale clareia uma fogueira.

Uma dança sacode a terra inteira.

E sombras desformes e descompostas

Em clarões negros do vale vão

Subitamente pelas encostas,

Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?

São os Titãs, os filhos da Terra,

Que dançam na morte do marinheiro

Que quis cingir o materno vulto –

Cingi-lo, dos homens, o primeiro–,

Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que a alma ousada

Do morto ainda comanda a armada,

Pulso sem corpo ao leme a guiar

As naus no resto do fim do espaço:

Que até ausente soube cercar

A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não

O sabem, e dançam na solidão;

E sombras desformes e descompostas,

Indo perder-se nos horizontes,

Galgam do vale pelas encostas

Dos mudos montes.

Escorpião é o signo em que a pessoa se torna um discípulo, ou seja, alguém que está conscientemente ajudando na evolução da humanidade. E para fazer isso, ele tem que testar seu poder: ir o mais longe possível dentro de si mesmo, encarar todas as suas misérias para poder morrer e renascer como uma Fênix, plenamente consciente de quem é e o quanto vale.

O lema transpessoal de Escorpião é “Guerreiro eu sou, e da batalha emerjo triunfante”. É a luta que vai trazer resultados, mesmo que a pessoa morra.

E este poema, contanto a história de Fernão de Magalhães, é exatamente isso: Fernão de Magalhães foi mais longe do que qualquer outro homem de sua época, e mesmo tendo morrido no meio do caminho, até hoje é conhecido como o primeiro a dar a volta ao mundo.

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

SAGITÁRIO

IX. ASCENSÃO DE VASCO DA GAMA

Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra

Suspendem de repente o ódio da sua guerra

E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus

Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,

Primeiro um movimento e depois um assombro.

Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,

E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.

Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta

Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,

O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.

Sagitário é o signo do primeiro contato com o Divino. O discípulo venceu seus medos em Escorpião, e agora precisa aprender concentração. É o terceiro signo de fogo, o fogo em brasas, e por isso mesmo o mais duradouro. É onde o fogo da atração espiritual efetivamente dá resultados.

Neste poema Pessoa fala justamente sobre isso: sobre a calmaria que vem após a batalha em Escorpião, e que dá ao discípulo a chance de “ver a face de Deus.”

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

CAPRICÓRNIO

X. MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Chegamos agora a Capricórnio, o signo da Iniciação. Este poema, que sugestivamente tem o mesmo nome de toda a segunda parte, retrata todo o esforço feito pelo discípulo em busca da iniciação.

O lema transpessoal de Capricórnio é “Perdido estou na luz divina, contudo naquela luz volto minhas costas.”, simbolizando a cabra que sobe a montanha, chega ao pico, e então volta para encontrar os amigos que ficaram no caminho e ajudá-los a também alcançar o cume.

Mostra o preço e as dores envoltas na conquista de si mesmo, mas “Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.”

E termina mostrando a própria ultrapassagem da personalidade: “Quem quere passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. / Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.”

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

AQUÁRIO

XI. A ÚLTIMA NAU

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

Do Império,

Foi-se a última nau, ao sol aziago

Erma, e entre choros de ânsia e de presago

Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou ‘spaço,

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

Em Aquário temos o impessoal: o ser já se tornou um Iniciado, e portando vai servir ao mundo com liberdade, igualdade e fraternidade, porém de forma impessoal, diferente de Virgem, onde este serviço é feito de maneira extremamente pessoal.

Esse poema simboliza exatamente a perda da pessoalidade em Aquário. Começa falando do “sol aziago”. O Sol, por ser o regente de Leão, está em exílio em Aquário.

Aquário é o aguadeiro, o servidor impessoal. Seu lema transpessoal é “Água da Vida eu sou, derramada para os homens sedentos”. E é precisamente isso que o poeta fala na Segunda estrofe: “Ah, quanto mais ao povo a alma falta, / Mais a minha alma atlântica se exalta / E entorna,”

O exílio de D. Sebastião no poema simboliza a perda da individualidade, que depois volta renovada e pronta para o serviço: “Não sei a hora, mas sei que há a hora, / Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora / Mistério. / Surges ao sol em mim, e a névoa finda: / A mesma, e trazes o pendão ainda / Do Império.”

Mar Portuguêz – Fernando Pessoa

PEIXES

XII. PRECE

Senhor, a noite veio e a alma é vil.

Tanta foi a tormenta e a vontade!

Restam-nos hoje, no silêncio hostil,

O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,

Se ainda há vida ainda não é finda.

O frio morto em cinzas a ocultou:

A mão do vento pode erguê-la ainda.

Dá o sopro, a aragem –ou desgraça ou ânsia–

Com que a chama do esforço se remoça,

E outra vez conquistaremos a Distância –

Do mar ou outra, mas que seja nossa!

Peixes é o signo da transcendência, da união com Deus, do salvador do mundo. E para ilustrar essa transcendência de tempo e espaço, Pessoa usa em cada quadra do poema um tempo:

A primeira está no passado, simbolizando tudo o que foi sofrido para se chegar até aqui.

A segunda está no presente, e mostra que a chama está lá , que foi atingida e o iniciado está pronto para um novo ciclo.

E a terceira está no futuro, mostrando esse novo começo, este novo Áries que virá.

O lema transpessoal de Peixes é “Eu deixo o lar do meu pai e dando as costas eu salvo.” Pessoa escreve: “E outra vez conquistaremos a Distância — /Do mar ou outra, mas que seja nossa!” justamente simbolizando este retorno, com maior experiência, para reviver o ciclo em outro nível.

OS DOZE ARQUÉTIPOS DE JUNG E AS DOZE PERSONALIDADES DA ASTROLOGIA

O termo “arquétipo” tem suas origens na Grécia antiga, as palavras raiz são archein que significa “original ou velho” e typos que significa “padrão, modelo ou tipo”, o significado combinado é “padrão original” do qual todas as outras pessoas similares, objetos ou conceitos são derivados, copiados, modelados, ou emulados.

 

O psicólogo Carl Gustav Jung usou o conceito de arquétipo em sua teoria da psiquê humana, ele acreditava que arquétipos de míticos personagens universais residiam no interior do inconsciente coletivo das pessoas em todo o mundo, arquétipos representam motivos humanos fundamentais de nossa experiência como nós evoluímos consequentemente eles evocam emoções profundas.

 

Embora existam muitos diferentes arquétipos, Jung definiu doze tipos principais que simbolizam as motivações humanas básicas, cada tipo tem seu próprio conjunto de valores, significados e traços de personalidade, além disso, os doze tipos são divididos em três grupos de quatro, ou seja, Ego, Alma e Eu, os tipos em cada conjunto compartilha uma fonte de condução comum, por exemplo, tipos dentro do conjunto Ego são levados a cumprir agendas definidas pelo ego.

 

A maioria se não todas as pessoas têm vários arquétipos em jogo na construção da sua personalidade, no entanto, um arquétipo tende a dominar a personalidade em geral, ele pode ser útil para saber quais arquétipos estão em jogo em si e nos outros, especialmente nos entes queridos, amigos e colegas de trabalho a fim de obter uma visão pessoal sobre comportamentos e motivações.

 

Os Tipos de Ego

 

1.O Inocente (leão)

Lema: Livre para ser você e eu
Desejo principal: Chegar ao paraíso
Objetivo: ser feliz
Maior medo: Ser punido por ter feito algo de ruim ou errado
Estratégia: Fazer as coisas certas
Fraqueza: Chato por toda a sua inocência ingênua
Talento: Fé e otimismo
O Inocente também é conhecido como: utópico, tradicionalista, ingênuo, místico, santo, romântico, sonhador.

 

2.O Homem (virgem)

Lema: Todos os homens e mulheres são iguais
Desejo central: Ligação com os outros
Objetivo: Fazer parte
Maior medo: Ficar de fora ou se destacar da multidão
Estratégia: Desenvolver sólidas virtudes comuns, seja para a Terra ou o contato comum
Fraqueza: Perder o próprio Eu em um esforço para se misturar ou por uma questão de relações superficiais
Talento: O realismo, a empatia, a falta de pretensão
A pessoa normal também é conhecida como: O bom menino velho, o homem comum, a pessoa da porta ao lado, o realista, o cidadão sólido, o trabalhador rígido, o bom vizinho, a maioria silenciosa.

 

3.O Herói (áries)

Lema: Onde há uma vontade, há um caminho
Desejo central: Provar o valor para alguém através de atos corajosos
Objetivo: Especialista em domínio de um modo que melhore o mundo
Maior medo: Fraqueza, vulnerabilidade, ser um “covarde”
Estratégia: Ser tão forte e competente quanto possível
Fraqueza: Arrogância, sempre precisando de mais uma batalha para lutar
Talento: Competência e coragem
O herói também é conhecido como: O guerreiro, o salvador, o super-herói, o soldado, o matador de dragão, o vencedor e o jogador da equipe.

 

4.O Cuidador (libra)

Lema: Ame o seu próximo como a si mesmo
Desejo central: Proteger e cuidar dos outros
Objetivo: Ajudar os outros
Maior medo: Egoísmo e ingratidão
Estratégia: Fazer coisas para os outros
Fraqueza: Martírio e ser explorado
Talento: Compaixão e generosidade
O cuidador também é conhecido como: O santo, o altruísta, o pai, o ajudante, o torcedor.

 

Os Tipos de Alma

 

5.O Explorador (aquário)

Lema: Não me cerque
Desejo central: A liberdade de descobrir quem é através da exploração do mundo
Objetivo: A experiência de um mundo melhor, mais autêntico, mais gratificante na vida
Maior medo: Ficar preso, conformidade e vazio interior
Estratégia: Viajar, procurar e experimentar coisas novas, fugir do tédio
Fraqueza: Perambular sem destino tornando-se um desajustado
Talento: Autonomia, ambição, ser fiel a sua alma
O explorador também é conhecido como: O candidato, o iconoclasta, o andarilho, o individualista, o peregrino.

 

6.O Rebelde (capricórnio)

Lema: As regras são feitas para serem quebradas
Desejo central: Vingança ou revolução
Objetivo: Derrubar o que não está funcionando
Maior medo: Ser impotente ou ineficaz
Estratégia: Interromper, destruir ou chocar
Fraqueza: Cruzar para o lado negro do crime
Talento: Ousadia, liberdade radical
O rebelde também é conhecido como: O ilegal, o revolucionário, o homem selvagem, o desajustado, o iconoclasta.

 

7. O Amante (escorpião)

 

Lema: Você é único
Desejo central: Intimidade e experiência
Objetivo: Estar em um relacionamento com as pessoas no trabalho e no ambiente que eles amam
Maior medo: Ficar sozinho, ser um invisível, se indesejado, ser mal amado
Estratégia: Tornar-se cada vez mais atraente fisicamente e emocionalmente
Fraqueza: Com o desejo de agradar aos outros corre o risco de perder sua identidade externa
Talento: Paixão, gratidão, valorização e compromisso
O amante também é conhecido como: O parceiro, o amigo íntimo, o entusiasta, o sensualista, o cônjuge, o construtor de equipe.

 

8.O Criador (peixes)

Lema: Se você pode imaginar algo, isso pode ser feito
Desejo central: Criar coisas de valor duradouro
Objetivo: Realizar uma visão
Maior medo: A visão ou a execução medíocre
Estratégia: Desenvolver a habilidade e o controle artístico
Tarefa: Criar cultura, expressar a própria visão
Fraqueza: Perfeccionismo, soluções ruins
Talento: Criatividade e imaginação
O Criador também é conhecido como: O artista, o inventor, o inovador, o músico, o escritor, o sonhador.

 

Os tipos de Eu

 

9.O Tolo (sagitário)

Lema: Só se vive uma vez
Desejo central: Viver para o momento com pleno gozo
Objetivo: Ter um grande momento e iluminar o mundo
Maior medo: Se aborrecer ou chatear os outros
Estratégia: Jogar, fazer piadas, ser engraçado
Fraqueza: Frivolidade, desperdício de tempo
Talento: Alegria
O tolo também é conhecido como: O bobo da corte, o malandro, o palhaço, o brincalhão, o comediante.

 

10.O Sábio (gêmeos)

Lema: A verdade vos libertará
Desejo central: Encontrar a verdade
Objetivo: Usar a inteligência e a análise para compreender o mundo
Maior medo: Ser enganado, iludido, ou ser ignorante
Estratégia: Buscar informação e conhecimento, auto reflexão e compreensão dos processos de pensamento
Fraqueza: Pode estudar detalhes para sempre e nunca agir
Talento: Sabedoria, inteligência
O Sábio também é conhecido como: O perito, o erudito, o detetive, o conselheiro, o pensador, o filósofo, o acadêmico, o pesquisador, o pensador, o planejador, o profissional, o mentor, o professor, o contemplador.

 

11.O mágico (touro)

Lema: Eu faço as coisas acontecerem.
Desejo central: Compreensão das leis fundamentais do universo
Objetivo: Realizar sonhos
Maior medo: Consequências negativas não intencionais
Estratégia: Desenvolver uma visão e viver por ela
Fraqueza: Se tornar manipulador
Talento: Encontrar soluções ganha-ganha
O mágico também é conhecido como: O visionário, o catalisador, o inventor, o líder carismático, o xamã, o curandeiro, o feiticeiro.

 

12.O Governante (câncer)

Lema: O poder não é qualquer coisa, é a única coisa
Desejo central: Controle e poder
Objetivo: Criar uma família ou uma comunidade bem sucedida e próspera
Estratégia: Exercer o poder
Maior medo: O caos, ser destituído
Fraqueza: Ser autoritário, incapaz de delegar
Talento: Responsabilidade, liderança
O Governante é também conhecido como: O chefe, o líder, o ditador, o aristocrata, o rei, a rainha, o político, o gerente, o administrador.

 

As quatro Orientações cardeais

 

dozearquetiposjung

doze arquétipos de Jung

 

As quatro orientações cardeais definem quatro grupos, com cada grupo contendo três tipos (como a roda de arquétipos acima ilustra), cada grupo é motivado por seu respectivo foco orientador: satisfação do ego, liberdade, socialidade e ordem, esta é uma variação nos grupos dos três tipos anteriormente mencionados, no entanto, todos os tipos dentro do Ego, Alma e Eu compartilham da mesma fonte de condução, os tipos que compõem a orientação dos quatro grupos têm diferentes unidades de origem, mas a mesma orientação de motivação, por exemplo, o cuidador é impulsionado pela necessidade de cumprir agendas do ego através do atendimento das necessidades dos outros que é uma orientação social, considerando que o herói também é impulsionado pela necessidade de cumprir agendas do ego o faz através de ação corajosa que comprova a autoestima, compreender os agrupamentos ajudará na compreensão da dinâmica de motivação e autopercepção de cada tipo.

 

Carl Golden

Origem: soulcraft

A Luz é invencivel